O uso indiscriminado de um outro medicamento como emagrecedor fez com que ele sumisse das farmácias. Um problema para os diabéticos - que precisam do remédio.
O administrador de empresas Antonio Carlos Tramm é diabético. Há duas semanas, ele liga várias vezes por dia para farmácias de Salvador em busca de um medicamento injetável para diabetes, o Victoza. Sem sucesso.
“Estou ligando para todos os fornecedores que nos deram e não existe. Um deles me sugeriu tentar buscar no Piauí”, conta Antonio Carlos.
O Victoza, fabricado por um laboratório dinamarquês, chegou ao Brasil há três meses e é indicado para o tratamento de diabetes tipo dois, o mais comum. Cada caixa traz 30 doses, uma para cada dia do mês.
O princípio ativo, uma substância chamada liraglutida, reduz o nível de açúcar no sangue. O remédio também diminui o apetite e, por isso, passou a ser procurado por pessoas que querem simplesmente perder peso.
Atualmente, o Victoza está em falta em vários estados.
“A procura foi tanta por causa dessa ânsia de emagrecimento e em um mês que nós tínhamos o produto agora não temos mais”, afirma a farmacêutica Nelma Cardoso.
O medicamento é vendido sem receita médica. Em uma farmácia especializada em produtos para diabéticos, a lista de espera já tem mais de cem pessoas.
A Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, autorizou a venda do medicamento no Brasil em março do ano passado, apenas para pacientes diabéticos. O consumo do remédio para qualquer outra finalidade, além de não permitido, é considerado arriscado pelos especialistas.
Em um comunicado, a Anvisa observa que o próprio fabricante alertou que as pessoas que usam o Victoza para perder peso estão sujeitas a inflamação do pâncreas, desidratação e alteração da função renal. O uso indiscriminado do remédio preocupa os endocrinologistas.
“É uma droga nova, lançada no mercado recentemente, ainda não temos grande tempo de utilização para conhecer todos os efeitos adversos que a medicação possa dar”, alerta a endocrinologista Reine Chaves.
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